Matéria para o jornal alemão DW


Traduzida


BRASIL Torcedores brasileiros protestam contra o presidente Bolsonaro 


 No passado, os torcedores de futebol no Brasil atraíam mais atenção por meio de distúrbios. Mas tudo mudou desde Jair Bolsonaro. Agora os “Ultras” estão liderando os protestos contra o Presidente. 


Torcedores de futebol contra Bolsonaro (Rogério Bassetto)

 Torcedores do Bayern de Munique, Borussia Dortmund e Schalke 04, estão saindo às ruas na Alemanha para se manifestarem contra o governo? Impensável. Torcedores do Liverpool, Manchester United e Chelsea que se uniram para dar um sinal contra o primeiro-ministro Boris Johnson? De jeito nenhum. Então, o que tem que acontecer para que os fãs de futebol que se escondem em tempos normais, entrem de cabeça ou joguem garrafas neles, façam as coisas juntos? 

 Primeiro, como no Brasil, um homem como Jair Bolsonaro precisa chegar ao poder. Ou como Rogério Bassetto diz: "Nosso presidente é um racista homofóbico. E todos nós temos que enfrentar esse inimigo da humanidade!" 

 Bassetto é um defensor apaixonado do tradicional clube corintiano há 40 anos. Um lunático de futebol que, desde os sete anos de idade, faz peregrinações pelos estádios levando nas cores preto e branco uma frase que todo torcedor que se preze internaliza - que foi o Corinthians que o escolheu e não o contrário.

Torcedores dos quatro clubes paulistas unidos contra Bolsonaro

 Bassetto não se tornou um dos rostos do Brasil somente por causa de sua paixão pelo futebol, mas porque também ajuda na liderança dos protestos contra o presidente Bolsonaro. E até trouxe simpatizantes dos arquirrivais Palmeiras, São Paulo e Santos a bordo. As ultras dos quatro principais clubes de São Paulo demonstram ao chefe de Estado que até torcedores de times que se encontram nas favelas (várzea) estão lá há semanas. Qual clube? Não importa, a principal coisa é lutar contra a extrema direita. 
 
















"Sempre rejeitei Jair Bolsonaro" - Rogerio Bassetto, fã do Corinthians 

 "Acabei de ligar para torcedores que têm o espírito lutador e politizado tanto quanto o meu", explica o sociólogo.

 E como a esquerda no Brasil não se levanta o bastante contra o polêmico presidente, os torcedores de futebol precisam pressioná-lo. "Muitas pessoas dos sindicatos e dos partidos estão em silêncio. Eles têm medo. Bolsonaro, por outro lado, incorpora força e energia. Você sempre pode ver seus seguidores na rua!"

 Agora Jair Bolsonaro tem que lidar com milhares de "fiéis" como Bassetto. Os "Gaviões da Fiel" são o ultra-grupo corintiano fundado há meio século em oposição à sangrenta ditadura militar. O lema da associação, que é mais relevante do que nunca hoje, “Contra todo ditador que no Timão quiser mandar, os Gaviões nasceram pra poder reivindicar”, também o lema de 1982: "Ganhar ou perder, mas sempre com democracia" ("vencer ou perder, mas sempre com a democracia"). 


















Torcedores protestam no Largo da Batata


"É o nosso legado histórico: o Corinthians é o time do povo e não somos fãs normais, somos diferentes. Somos não conformistas e não podemos aceitar injustiças", explica Rogério Bassetto com orgulho.

 Os jogadores mais famosos e nobres torcedores do Hepta Campeão Nacional e vencedor da Copa Libertadores da América de 2012 defendem o DNA do clube dos trabalhadores:

 Sócrates, capitão da seleção brasileira, médico formado e marxista, que fundou a chamada "Democracia Corinthiana" durante seu tempo ativo no clube: todos no clube tiveram voz, do treinador ao roupeiro.


A lenda do clube, Sócrates jogou pelo Corinthians de 1978 a 1984. 

 Outra referência que Bassetto tem no esporte é o herói e ídolo nacional, e torcedor do Corinthians, Ayrton Senna, tricampeão mundial de Fórmula 1, que pouco antes de seu trágico acidente em 1994 lançou um dos programas sociais de maior sucesso no Brasil atualmente. 

Fracasso de Bolsonaro na pandemia

 O contraste não poderia ser mais transparente do que o capitão de extrema direita, que, apesar de ter sua própria quarentena, dois milhões de pessoas infectadas e 80.000 mortes, continua a reprimir a pandemia de Corona e precisa se defender da 35ª ação de impeachment.


 
"Fora Bolsonaro - a sua gripezinha já matou 40.000 pessoas"

























"Um país inteiro foi refém do movimento Bolsonaro, hoje o ódio e a regra da polarização. Mas o povo escolheu, então eles têm que enfrentar as consequências", o torcedor do Corinthians mostra pouca pena por seus "compatriotas negacionistas que votaram e ídolatram esse genocída". E uma coisa está clara para ele: "Vai demorar muito tempo para nos recuperarmos dos danos causados ​​por Bolsonaro e seus fãs".


Pacotes de ajuda para os necessitados nas favelas

Até então, não apenas pinte bandeiras contra Bolsonaro, mas também ajude os mais pobres. Os "Gaviões da Fiel", por exemplo, já distribuíram 4.000 pacotes de comida nas favelas de São Paulo, levando camisas, calças e meias a pessoas que perderam o emprego devido à pandemia de corona. "Motivamos outras pessoas a fazer o bem", o serviço social sempre fez parte da associação "Gaviões da Fiel".

Na quarta-feira, haverá um clássico dos arquirrivais, o Corinthians contra o Palmeiras, em São Paulo. Bassetto não estará no estádio por causa de Corona, mas isso não é tão importante no momento.
Atualmente, o adversário está jogando em um percurso diferente e se chama Jair Bolsonaro.



















Protesto na ponte estaiada / SP 

Mas seria engraçado se "O bando de loucos", como também são chamados os torcedores do Corinthians, não atacassem o presidente novamente. "Estaremos com um novo bandeirão toda semana", promete Rogério Bassetto.

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